HISTÓRIA EM QUADRINHOS: UMA PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES

HISTÓRIA EM QUADRINHOS: UMA PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES

O presente trabalho investiga a avaliação em seu sentido mais amplo, centrando se na avaliação qualitativa mais do que a quantitativa, caracterizando-se por um aspecto global em que o aluno é observado não apenas com referência quanto a aquisição de conhecimento, mas em seu crescimento multidirecional, considerando as capacidades de observação, reflexão, criação e julgamento. Dentre os muitos saberes os quais o docente deve estar munido para exercer sua profissão com maior envolvimento e de forma mais significativa, destacasse a importância de o saber avaliar do professor, não o avaliar somativo, mas um avaliar investigativo, mediado reformativo que lhe subsidie-a tomada de decisões pedagógicas coerentes frente aos seus alunos. A avaliação formativa indica o que deveria ser feito para tornar a avaliação verdadeiramente útil em situações pedagógicas.

INTRODUÇÃO

Ao falar da prática docente e de sua carreira   profissional é imprescindível trazer à tona uma reflexão acerca de uma das responsabilidades imputadas ao professor no seu cotidiano, o ato de avaliar, Avaliar: dar valor!

Faz-se necessário o distanciamento da prática avaliativa, autoritária, classificatória, padronizada e burocrática. Isso possibilita-nos a retomada de algumas características acerca da avaliação enquanto componente de uma pedagogia diferenciada. Como instrumento desta pedagogia diferenciada temos a “avaliação diagnóstica” ou “avaliação formativa” ambas, que devem pautar-se pela busca qualitativa e pelo maior e melhor aproveitamento do que deve ser trabalhado nas escolas.

Tais questões são muito relevantes no cotidiano da ação docente. Cabe a nós professores nos questionarmos: Até que ponto somos aptos ou capazes de avaliar nossos alunos? Nossa avaliação é justa? Ou os parâmetros que usa moção egocêntricos e possuem conotação dominante? Usamos as avaliações apenas como instrumentos de medida de saberes ou realmente sabemos avaliar nossos alunos como um todo? Um dos fatos mais importantes do ato de se avaliar é ser este em si um instrumento cuja finalidade primordial é verificar até que ponto as experiências de aprendizagem estão realmente produzindo os resultados desejáveis tais como foram desenvolvidos e planejados. (SALGADO, 2008)

Não é mais possível ver avaliação com uma ótica que não seja de ação continuada do processo educacional. A avaliação só adquire sentido quando cumpre seu objetivo básico, garantir ao aluno a construção de seu conhecimento, utilizando como instrumento de reflexão crítica da realidade para questioná-la. (Vasconcellos, 2008) Nesta posição é verificado que ao invés de ter na avaliação um instrumento de “terror”, quando o aluno precisa provar que atingiu às expectativas do professor e ou dominou determinado conteúdo programático, a avaliação dará ao educando condição de formar novas posições para construir verdadeiramente seu conhecimento. Percebe-se então que a avaliação não é um fim, mas um meio que permite, ao professor e aluno, do mesmo lado reformularem seus trabalhos.

Há de ser considerada a capacidade de observação, reflexão, criação, julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação. Só sob esses aspectos, avaliação poderá ter sentido significativo, nessa visão atual onde se busca a construção do pensamento autônomo e criativo. (Tyler,1976, p. 98)

Sob a ótica de que a avaliação de um aluno deve servir para melhorar o processo de aprendizagem, sua função deve ser de diagnosticar dificuldades para corrigi-las e não apenas como exclusiva fonte para o professor identificar se o aluno está apto ou não em “passar” de ano ou período. A avaliação deve ser contínua e o aluno deve ser avaliado como um todo, durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não apenas em momentos estanque com uma ou duas “avaliações”.

A avaliação serve para que? E para quem? Muitas são as questões que precisam ser levantadas. Faz-se necessária à provocação do incômodo entre a discussão e a prática, entre o conceito de avaliação e a prática pedagógica. Que doença se disfarça de saúde? Que fatos dificultantes há embaixo dos fatos que nos parecem normais? (TYLER, 1976, p.98).

CLASSIFICAÇÃO DE PESSOAS E DE SABERES

Frequentemente a avaliação tanto na escola quanto nos outros segmentos feita pelo professor se fundamenta na fragmentação do processo de ensino-aprendizagem e na classificação das respostas de seus alunos, a partir de um padrão predeterminado, relacionando a diferença ao erro e a semelhança ao acerto. Infelizmente para muitos professores é a quantidade de erros e acertos, que incorpora o “comportamento”, os “hábitos” e as “atitudes” dos alunos. (Vasconcellos, 2008)

Saber e não saber, acerto e erro, positivo e negativo, semelhança e diferença são entendidos como oposto e o que é pior, como excludentes. Seleção e hierarquização de saberes e de pessoas dificultam o ato de se avaliar justamente. Quando selecionamos, de certa forma estamos excluindo. Estamos falando de seres humanos, muitos mais complexos do que mercadorias ou atividades. Desta forma a avaliação não atinge de maneira nenhuma seu principal objetivo de ser mais um dos instrumentos no processo de aprendizagem e passa a funcionar como instrumento de controle e de limitações das atuações (aluno/professor) no contexto escolar. (SALGADO, 2008)

Dentro do universo de uma sala de aula o respeito e a hierarquia entre professor e aluno não devem faltar, mas há de ser ter a consciência principalmente do professor que este, muitas vezes pode e deve aprender com seus alunos. O diálogo deve ser priorizado.

Trazendo esse aspecto à luz da avaliação o docente deve deixar bem claro aos seus alunos o quê, e principalmente o porquê de seus questionamentos serem classificados taxativamente de corretos ou incorretos.

O professor deve pôr o diálogo no centro do processo de ensino e excluir os conteúdos artificialmente isolados, entendendo que as conclusões devem ser relativizadas e continuamente interrogadas. É preciso entender a lógica do outro e de que a diferença pode sinalizar novas possibilidades de discussões. (Vasconcellos, 2008, p.9).

É preciso a observação de cada aluno como indivíduo, suas peculiaridades de aprendizagem e ao mesmo tempo observar a turma como um todo, se está avançando, estagnando ou recuando no complexo processo de aprendizagem.

Segundo Lukesi dentro de um contexto de ensino e aprendizagem significativo, não basta apenas o professor responder certo ou errado e sim o “porque” de responder aquelas questões de forma inteligivelmente. “Assim sendo, o educador em sala de aula (e também fora dela) deve estar atento para propiciar aos seus educandos um ensino que conduza a uma aprendizagem inteligível”. (LUCKESI, 2011, p.106)

Acredita-se que verdadeiramente a avaliação realizada por um professor sirva mais para ele próprio avaliar seu trabalho, seus métodos e seu ensino do que tanto avaliar seus alunos e classificá-los como ótimos, bons, regulares ou ruins. Na cabeça de um docente o ato de se avaliar deve ser tanto ou mais importante do que ensinar, pois dependendo da conotação dada as suas “avaliações”, seu trabalho pode melhorar significativamente, principalmente quando o ato de avaliar funcionar mais como uma “bússola” orientando ao invés de funcionar como uma “caneta déspota” atribuindo valores (notas) ao saber.

A partir dos resultados das avaliações, o professor pode identificar se realmente o processo complexo de ensino e aprendizagem cumpriu ou não sua real finalidade. Nesse infinito processo de se avaliar existem alguns itens que devem ser priorizados pelo professor para que seu trabalho (avaliação) tenha êxito, como por exemplo:

Valorizar o aluno considerando seu conteúdo e sua “bagagem” cultural. Assumir o papel de orientador, mediador. Ter manejo de classe e falar a linguagem de seus alunos. Favorecer a inclusão social dos discentes. O professor deve procurar não responder diretamente as perguntas de seus alunos, mas sim indicar o caminho para que eles mesmos respondam seus questionamentos. Não dividir o conhecimento por áreas estanques e incomunicáveis. Evitar o treinamento para execução de tarefas repetidas. Aprender a aplicar seus conhecimentos em novas e avançadas áreas. (VASCONCELLOS, 2008, p.16)

O que não raramente acontece é que os professores ainda conduzem suas aulas guiadas muito mais pelas próprias ideias do que por conhecimentos científicos. Na prática, escolhe-se seguir linhas pedagógicas motivadas por nada além de crenças pessoais e deixam de enxergar aquilo que as pesquisas apontam como verdadeiramente eficaz.

Dentro da ideia de práticas pedagógica bem-sucedida Lukesi afirma que o ensino e a aprendizagem devem ser processados com envolvimento de ambos, do professor e do aluno, “embora a orientação e a motivação dependam muito mais do educador, uma vez que ele é o líder desse processo dentro da escola. E, como tal, é ele que dá o tom das atividades.” (LUCKESI, 2001, p.109).

O PROFESSOR COMO OBSERVADOR

Dentre todos os personagens que interagem em uma escola, como não poderia deixar de ser, o professor fica com o papel principal. Cabe-lhe a difícil tarefa de se apresentar várias vezes ao dia perante uma ou mais plateias heterogêneas e nada fáceis de cativar. Os estudantes são crianças e jovens e nem sempre estão dispostos e espontaneamente interessados nos conteúdos que têm de assistir. Em meio a tantas dificuldades destaca-se a necessidade de um profissional com características de observar, compreender, ajustar e aperfeiçoar. Quatro ultimas conceitos que configuram um quadro de palavras chaves para uma avaliação formativa de acordo com Hadj (2011)

Dentre as variadas técnicas e instrumentos utilizados para   auxiliar   o   professor nesse amplo e permanente processo de avaliação utiliza- se: testes, provas, entrevistas, dissertações e etc… Portanto, destaca-se como relevante o item observação. O professor que desenvolve a capacidade de observar seu aluno possui menor porcentagem de errar ao avaliá-lo. Do latim observare, constitui ato ou efeito de olhar atentamente, examinar, analisar, verificar.

Quem observa olha, vê, nota, vigia, prendendo sua atenção à realidade apresentada. Como método de investigação, o professor procura integrar- se ao grupo estudado, vivendo junto a este e participando de suas atividades por período relativamente prolongado, como se fosse um de seus membros, de modo a captar com maior riqueza de detalhes a vida do grupo estudado. (Vasconcellos, 2008).

 A técnica de observar exige certas habilidades, tais como saber ver e saber ouvir, que precisam ser interpretadas, a partir de uma rede de significados. Por essa razão não se devem fazer julgamentos e tirar conclusões apressadas. O docente deve ter uma atitude criteriosa, ou seja, apenas tirar conclusões após observar os estudantes em várias situações, de forma que o resultado da observação não seja apenas opinião, mas uma avaliação firme. (Vasconcellos, 2008)

“A avaliação formativa […] deve ter como ponto de partida um processo de observação (Scallon, apud Hadji, 2011). Para se garantir uma regulação efetiva das aprendizagens, é necessário, efetivamente, que o professor disponha previamente de informações pertinentes e confiáveis. (Perrnoud, apud Hadji, p.30)

A avaliação, portanto, não deve se esgotar no diagnóstico dos problemas, dos acertos e das falhas, mas ir muito além, comentários verbais e detalhados sobre o desempenho da classe dizendo o que deve ser feito para melhorar e indicando aspectos específicos tanto dos acertos como dos erros dos estudantes têm um efeito muito maior nos resultados finais do que a simples comunicação fria de notas ou conceitos. Mesmo informações indiretas como expressões faciais de aprovação ou reprovação do docente, silêncio, risos exercem efeitos impactantes nos alunos (Krasilchik, 2001; p.168).

O processo de avaliação precisa ser global, contínuo e formativo, enquanto mede o educando como um todo e a aprendizagem como o auge do processo. A característica de continuidade é no sentido de que as dificuldades e desvios podem ocorrer no processo e que precisam ser sanados de imediato, para que as dúvidas não se acumulem comprometendo toda a aprendizagem. (POSEAD, 2008)

Para Hadj (2011, p.59)   o professor deve assumir responsabilidades como: Propor tarefas adequadas ao aluno, definir prévia e claramente os propósitos e a natureza do processo de ensino e avaliação, diferenciar suas estratégias, ajustar sistematicamente o ensino de acordo com as necessidades, criar um adequado clima de comunicação interativa entre os alunos e entre os professores, organizar o processo de ensino.

A BUSCA POR FORMAS MAIS JUSTAS DE SE AVALIAR

Durante muito tempo à preocupação de um professor foi limitada à elaboração de uma prova final, talvez uma ou duas provas parciais, com um número fixo de questões, as quais o docente poderia atribuir notas, por exemplo, de 0 a 10. Ao corrigir a prova, suas preocupações terminavam e simplesmente sua tarefa de avaliar o aluno estava restrita á atribuição dessas notas.

Especialistas em educação passam a acreditar que este sistema não é muito justo: talvez essa forma de avaliar pudesse medir a capacidade da memória, da expressão do aluno, mas será não somente estes os fatores importantes para o aprendizado? Será que a frequência do aluno, os cumprimentos de suas tarefas, sua efetiva participação nas aulas, garantem uma avaliação mais justa? Segundo alguns especialistas a avaliação possui alguns significados:

Luckesi (2011) aponta uma avaliação operacional a qual se origina na intencionalidade e não apenas na ação espontânea, ou seja, se o professor não sabe qual o rumo que suas práticas avaliativas o levam, qualquer caminho e direção o servirá. A avaliação, segundo Luckesi (2011) tem a ver com qualidade. “A palavra avaliação é oriunda de dois componentes latinos – a e valiere – que juntas, significam “atribuir valor a alguma coisa”, ou seja, atribuir  qualidade a alguma coisa, “um juízo de qualidade sobre dados relevantes, para uma tomada de decisões”. (p. 417)

Domingos Fernandes (2009) aponta algumas avaliações:

–              Avaliação somativa – mais associada à prestação de contas, à certificação e a seleção. (NEVO,1986, apud FERNANDES, p.49)

–              Avaliação formativa alternativa

– “tratando-se de uma avaliação mais interativa, mais situada nos contextos vividos por professores e alunos, mais centrada na regulação e na melhoria das aprendizagens, mais participativa, mais transparente e integrada nos processos de ensino e de aprendizagem”. (GIPPS,1994, apud FERNANDES, p. 56)

Já Sordi (2001) observa que a avaliação moderna deve estar a serviço da aprendizagem como um todo. Recomenda uma série de atividades que podem auxiliar na avaliação formativa, tais como criar “situações-problema”, “conceber tarefas tanto de ensino como de avaliação”, “realização de gráficos evolutivos dos alunos” e etc. Conclui que a lista pode ser interminável, pois só pode ser limitada pala imaginação humana.

Segundo Hadj (2011) a avaliação formativa é uma ferramenta  valiosa caracterizada pela vontade de colocarmos nosso trabalho de observação realizado durante a aprendizagem a serviço do aluno, para ajudá-lo a ter êxito, pois se acredita que ele é capaz de aprender, o que indica a proximidade entre as noções de avaliação formativa e de regulação (aprender a desenvolver).

O que chama a atenção em todos os autores citados acima é a ênfase no processo. A avaliação já não é tão somente aquele instrumento frio criado apenas para atribuir nota a um estudante representado no diário de classe com um simples número. A avaliação deve preocupar-se com um aluno que possui nome e características próprias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos concluir que tarefa fácil não é a de se avaliar, principalmente quando estamos falando de se avaliar alunos. Entendemos que caso os professores não possuam comprometimento real com o “aprender” de seus alunos, os resultados serão negativos na formação de seus alunos. O docente deve em primeiro lugar primar pelo bom desenvolvimento da aprendizagem de seu alunado, engajado nesse espírito e como mais uma atribuição e porque não dizer uma das mais importantes o professor deva avaliar seus alunos.

A avaliação não mais pode ser aquela tradicional e opressora, porém muito usada ainda, revelada por notas e conceitos no diário, oriundos de avaliações estanques, momentâneas provenientes de provas e testes finais, sendo atribuídas aos alunos notas hierarquizando o saber dos mesmos, promovendo a exclusão e a ausência de aprendizagem frente à memorização e imposição de conteúdos que dessa forma para o aluno permanecem descontextualizados e não uniformes prejudicando assim seu aprendizado. (SALGADO, 2008)

Ao finalizarmos este artigo concluímos que avaliação deve ser vista de forma mais abrangente precisando ser ressignificada mais nos aspectos qualitativos do que quantitativos, em uma visão mais holística e abrangente em que o aluno é observado em seus aspectos multidirecionais, considerando o mesmo como um complexo e dinâmico ser que necessita ser avaliado de maneiras mais justas e amplas e não em aspectos isolados e excludentes.

Por: WALDEMAR BARRETO DE OLIVEIRA JÚNIOR